Reclusão e detenção: Saiba quais são as principais diferenças

Reclusão e detenção são formas de privação de liberdade, mas cada uma tem suas peculiaridades. Leia e veja como essas penas podem afetar o cumprimento de sentenças.

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Reclusão e detenção: dois tipos de penas, diferentes consequências. Saiba mais sobre como essas sanções funcionam e quando cada uma é aplicada.

No mundo jurídico, alguns termos podem trazer muita confusão. Assim, expressões que são muito parecidas podem te levar a acreditar que se tratam da mesma coisa, como no caso das palavras reclusão e detenção.

Reclusão se refere à pena privativa de liberdade, geralmente em penitenciárias, imposta a indivíduos condenados por crimes mais graves.

Por outro lado, a detenção é uma forma temporária de privação de liberdade, frequentemente utilizada durante investigações ou antes de julgamentos.

Essas distinções são importantes, pois afetam diretamente como as penas serão cumpridas e em que tipo de estabelecimento o condenado ficará.

Além disso, influenciam os direitos e deveres de quem cumpre a pena, além das possibilidades de progressão de regime.

Neste artigo, vamos explicar o que são reclusão e detenção, suas diferenças, e como elas impactam o cumprimento da pena, ajudando você a entender melhor esses conceitos dentro do sistema penal brasileiro.

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O que é reclusão?

No direito penal brasileiro, existem três tipos de pena: a pena privativa de liberdade (prisão); a pena restritiva de direito (perdas de bens e valores, prestação de serviços, limitação de fim de semana, etc.); e a pena de pagamento de multa. Essas modalidades de sanção são previstas e regulamentadas de acordo com o artigo 32 do Código Penal, que define claramente os tipos de penas aplicáveis no sistema jurídico.

Assim, a reclusão se encaixa no rol de penas privativas de liberdade.

Normalmente, aplica-se a pena de reclusão a crimes mais graves. Por isso, ela pode começar no regime fechado, admitindo-se a progressão para os regimes semiaberto e aberto.

Além disso, quando alguém – que, pela lei, não pode ser responsabilizado pelos próprios atos – comete um crime cuja pena é a reclusão, a justiça o encaminha para o internamento.

Em relação aos efeitos da reclusão, quando o crime é doloso (intencional), ele provoca a extinção da tutela, curatela e poder familiar.

Ou seja, se você comete um crime doloso contra seu tutelado, perde o direito à tutela. Assim, quando o crime é contra o curatelado, perde-se a curatela; quando o crime é contra o filho, perde-se o poder familiar.

Qual a pena da reclusão?

A pena de reclusão varia de acordo com a gravidade do crime cometido, mas pode ser aplicada nas seguintes faixas:

  • Pena mínima: Geralmente, crimes que resultam em reclusão têm penas que começam em 1 a 2 anos de prisão.
  • Pena intermediária: Em crimes mais graves, a pena pode variar de 6 a 12 anos, como no caso de homicídio simples ou roubo qualificado.
  • Pena máxima: A pena máxima de reclusão no Brasil é de 40 anos, mesmo que o réu seja condenado a mais de um crime. Essa limitação está prevista no Código Penal, artigo 75.

Em muitos casos, a reclusão pode ser iniciada no regime fechado, permitindo a progressão para regimes mais brandos conforme o tempo de pena cumprido e o comportamento do condenado.

O que é detenção?

Aplica-se a detenção em caso de crimes mais leves. Assim, ao contrário da reclusão, seu cumprimento começa ou em regime semiaberto ou em regime aberto.

No entanto, é importante esclarecer que, em regra, a detenção não pode iniciar no regime fechado, exceto se o condenado comete uma falta grave após o início do cumprimento da pena em outro regime, como o semiaberto.

No caso de inimputáveis, como aqueles incapazes de discernir seus atos, quando cometem crimes, são submetidos a medidas de segurança e não a penas. Se forem considerados perigosos, podem ser encaminhados a tratamento ambulatorial ou internação, mas isso não depende diretamente do tipo de crime ou da pena prevista (detenção ou reclusão). O tratamento ambulatorial é uma medida de segurança aplicável, de acordo com a periculosidade e a condição mental do agente.

Qual é a pena de detenção?

A pena de detenção é aplicada a crimes de menor gravidade e varia conforme o tipo de crime, mas geralmente as penas têm as seguintes características:

  • Pena mínima: Pode ser de 15 dias a 6 meses para delitos menos graves, como desacato.
  • Pena intermediária: Varia entre 6 meses e 2 anos para crimes como lesão corporal leve ou invasão de domicílio.
  • Pena máxima: Normalmente, a pena máxima para crimes de detenção é de 4 anos, sendo cumprida, na maioria dos casos, em regime semiaberto ou aberto.

Diferente da reclusão, a detenção começa no regime semiaberto ou aberto, salvo em casos de faltas graves que podem levar à regressão para o regime fechado.

Qual a diferença entre detenção e reclusão?

A diferença entre reclusão e detenção está relacionada ao tipo de pena de prisão aplicada no contexto do sistema legal de um país.

Ambos são métodos de privação de liberdade, mas possuem características distintas.

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Diferenças entre reclusão e detenção

Detenção

É uma pena de prisão aplicada para crimes de menor gravidade. Normalmente, envolve o cumprimento da pena em estabelecimentos prisionais menos rigorosos, como cadeias.

Além disso, a punição para esses crimes geralmente são mais curtas, frequentemente de até dois anos, dependendo da jurisdição.

Os regimes de cumprimento de pena são diferentes, como o semiaberto ou aberto.

Reclusão

É uma pena de prisão que geralmente é aplicada em casos de crimes mais graves.

Ela envolve o cumprimento da pena em estabelecimentos prisionais específicos, como presídios.

Tem como características também as penas mais longas, muitas vezes superiores a oito anos, dependendo da jurisdição.

Essa pena é frequentemente cumprida em regime fechado, em que os condenados passam a maior parte do tempo, com poucas concessões para saídas temporárias

Portanto, a diferença principal entre esses dois métodos de privação está na gravidade dos crimes e nas penas associadas, a aplicação exata destas pode variar de acordo com a jurisdição legal de cada país.

Quais são os crimes de reclusão?

Os crimes que levam à pena de reclusão são aqueles considerados de maior gravidade, como:

Esses são apenas alguns exemplos de crimes que podem resultar na pena de reclusão, sendo que cada caso depende de sua gravidade e das circunstâncias envolvidas.

Quais os tipos de regimes existentes?

Depois de entender quais as diferenças entre a reclusão e a detenção, é necessário que você entenda também os três tipos de regime que existem em nosso Código Penal e como cada um deles funciona.

Regime fechado 

Aplica-se este regime apenas se você for condenado a uma pena superior a 8 (oito) anos.

Ou nos casos em que sua pena for inferior, mas for reincidente, ou seja, quando você já sofreu condenação anteriormente.

Nele, você permanecerá todos os dias na unidade prisional. Por isso, as horas de trabalho e de banho de sol são definidas previamente.

Além disso, você só fará trabalhos externos em serviços ou obras públicas.

Sinalizamos, também, que, neste contexto, a unidade prisional precisa ser uma penitenciária, conforme previsto no artigo 34 do Código Penal, que estabelece as regras sobre a execução da pena em regime fechado, incluindo as atividades de trabalho e a vigilância adequada.

Regime semiaberto (Art. 35 do Código Penal)

O juiz aplica este regime a condenações de 4 a 8 anos, bem como quando você não é reincidente.

Além disso, nesse regime, você pode trabalhar ou fazer cursos durante o dia.

No entanto, deve voltar para a prisão durante a noite. Nesse caso, a unidade prisional precisa ser uma colônia agrícola, industrial ou similar.

Regime aberto (Art. 36 do Código Penal)

Por sua vez, o regime aberto é aplicado quando sua condenação não ultrapassa 4 (quatro) anos. No entanto, você não pode ser reincidente.

Assim, neste caso, você pode trabalhar, estudar e fazer cursos durante o período do dia.

Contudo, deverá se recolher durante a noite, seja na sua própria residência ou em casa de albergado, que é um estabelecimento específico para cumprimento de penas em regime aberto.

Quais são os crimes que pode responder em liberdade?

No Brasil, a possibilidade de responder a um crime em liberdade depende de diversos fatores, como a gravidade do crime, a situação pessoal do acusado, e se ele preenche certos requisitos legais.

A seguir, listamos alguns exemplos de crimes em que o acusado pode responder em liberdade, desde que cumpra as condições determinadas pela Justiça:

Crimes de menor potencial ofensivo

Crimes com penas menores, que não envolvem violência ou grave ameaça, geralmente permitem que o acusado responda em liberdade. Alguns exemplos incluem:

Crimes cuja pena máxima não ultrapasse 4 anos

Pessoas acusadas de crimes com pena de até 4 anos, sem violência, podem responder em liberdade, especialmente se são réus primários. Exemplo:

Crimes sem violência ou grave ameaça

Em crimes que não envolvem violência ou grave ameaça à pessoa, o juiz pode conceder liberdade provisória. Alguns exemplos:

Réus primários e com bons antecedentes

Mesmo em crimes mais graves, se o acusado for réu primário, tiver bons antecedentes e não houver riscos para a ordem pública ou fuga, o juiz pode autorizar que ele responda em liberdade.

Medidas alternativas à prisão

Em alguns casos, a prisão preventiva pode ser substituída por medidas cautelares, como:

A decisão de permitir que o réu responda em liberdade depende da avaliação do juiz, que leva em conta a gravidade do crime, o comportamento do acusado e a possibilidade de interferência no processo judicial.

Quais as implicações das penas privativas da liberdade?

Sabemos que são várias as implicações resultantes das penas privativas de liberdade em nosso país.

O sofrimento se torna um sentimento comum tanto para os presos quanto para os seus familiares.

Por isso, para assegurar que este processo não seja ainda mais doloroso, o acompanhamento de um advogado é aconselhável.

O principal objetivo do sistema penal brasileiro é a reabilitação e ressocialização dos detentos.

Ou seja, o modo como eles serão novamente inseridos na sociedade após a sentença, de maneira plena, produtiva e com responsabilidade.

Apesar de existirem algumas nuances dentro do próprio sistema carcerário que, por vezes, inviabilizam a promoção da (re)educação, há também programas e treinamentos que servem como suporte para a qualificação dos indivíduos.

O intuito principal é de ajudá-los depois do cumprimento da pena. Por isso, ressaltamos a importância de se atentar a todos os seus direitos.

Um recado final para você!

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Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica especializada!

Sabemos que o tema reclusão e detenção pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista. O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia

Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista | Direito Bancário

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Autor

  • Dr. João Valença

    •Advogado (43370 OAB) especialista em diversas áreas do Direito e Co-fundador do escritório VLV Advogados, empresa referência há mais de 10 anos no atendimento humanizado e mais de 5 mil cidades atendidas em todo o Brasil.

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